À partida era um dia de praia como os outros. Fatos de banho, sanduíches e pézinhos pequeninos a pisar a areia. Mas o sol encoberto fez com que o dia parecesse diferente. Apesar do calor que se fazia sentir não me sentia no registo praia de Verão- apesar de eles terem tomado banho- mas sim praia-passeio. Foi então que começamos a observar um grande movimento na praia. Não o movimento de banhistas a encher a areia com toalhas e jogos de raquetes, mas movimento daqueles a quem a praia verdadeiramente pertence.
Estávamos a assistir, ali mesmo à nossa frente – pareciam que tinham vindo ter connosco se propósito- a um grupo de pescadores de arte xávega. E que bonito que foi assistir a esta tradicional forma de pesca, de tal maneira que depois de começar a seguir lhes os movimentos, o encanto foi tal que já não conseguimos fazer mais nada. Conversei então com alguns dos pescadores para perceber o que se estava a passar. Então, esta bonita arte de pescar consiste num grupo de homens ir para o mar, num pequeno barco lançar as redes para cercar cardumes enquanto outros ficam na praia com os tratores (ainda há quem o faça com bois) a puxar as redes para terra firme. O processo dura cerca de uma hora e apetece acompanhar cada bocadinho.
Apesar de não ter sido a primeira vez que assistimos a um episódio destes, pelo dia que estava e por terem ido instalar-se mesmo à nossa frente, ficámos todos, fascinados, a ver estes homens e mulheres nesta arte tão bonita. No fim, ficou o gosto amargo de não ter ali dinheiro para comprar um peixinho ainda vivo para o jantar… E como eu gosto que os meninos conheçam o percurso daquilo que comemos antes de nos chegar ao prato e como isso nos tem feito repensar à séria a nossa alimentação..